segunda-feira, 8 de abril de 2013

Síndrome do intestino irritável – como se cuidar?


O que é síndrome do intestino irritável?
A síndrome do intestino irritável (SII) ou síndrome do cólon irritável é uma condição bastante comum. As estatísticas mostram que uma em cada dez pessoas apresentam os sintomas da SII, e é a segunda maior causa de falta ao trabalho depois do resfriado. Trata-se de uma disfunção que provoca contrações musculares e movimentos intestinais irregulares. A SII é considerada um distúrbio intestinal funcional, ou seja, não existe uma lesão aparente, um problema físico, e sim um descontrole na contração intestinal.
Os sintomas incluem episódios frequentes de desconforto abdominal, dor tipo cólica, distensão abdominal, náusea, azia, sintomas de má digestão como eructações e sensação de barriga cheia, gases, diarreia e constipação em alternância, produção aumentada de muco nas fezes. Esta síndrome causa também ansiedade ou depressão, dor de cabeça, anorexia e fadiga.
Pode ter diversas causas: ansiedade, estresse, dieta inadequada, alergia e intolerância alimentar, supercrescimento de bactérias, fungos e parasitas intestinais (Blastocystis hominis e várias espécies de candida), baixa produção de enzimas digestivas, alteração na secreção de hormônios intestinais responsáveis pela motilidade (movimento de contração do cólon). Existe uma predominância desta condição em famílias que já tiveram algum caso, ou seja, pode haver um componente genético, uma certa predisposição ao problema.
Existe cura ou apenas o tratamento constante?
Quando a SII está presente, é importante tomar alguns cuidados alimentares para evitar que a doença se manifeste. Como o indivíduo tem uma sensibilidade intestinal aumentada, ele vai ter de se cuidar sempre. Em alguns casos a dieta adequada pode resolver. Em outros mais complexos, é importante procurar um especialista para tomar a medicação adequada, que na verdade é sintomática, ou seja, são prescritos remédios para tratar da cólica, da diarreia ou constipação, dos gases, da náusea, da má digestão.A medicina não tem nenhum remédio que cure esta condição, então a dieta adequada é o mais importante passo na manutenção da saúde intestinal.
Flora intestinal
No cólon existe uma notável flora intestinal, e se não cuidarmos dela direitinho, ela é passível de modificações que alteram a saúde. O organismo humano é formado por aproximadamente 10 trilhões de células. Nós temos no nosso corpo 10 vezes mais bactérias do que células, sendo o seu total por volta de 100 trilhões. Esta enormidade de bactérias chega a pesar 4 quilos. As bactérias benéficas são o que chamamos de probióticos, e sem elas não viveríamos muito.
Na eubiose temos a flora intestinal equilibrada e útil ao organismo. Se houver um desequilíbrio, uma condição muito comum nos dias de hoje devido aos abusos alimentares, ocorre o que chamamos de disbiose, e suas consequências podem ser graves. Uma alimentação rica em açúcar, frituras, guloseimas pobres em nutrientes e fibras, combinações erradas de alimentos, pouca mastigação, refeições apressadas, uso abusivo de laxantes, antiácidos, antibióticos e anti-inflamatórios, todos contribuem para criar um desequilíbrio que predispõem ao acúmulo de substâncias tóxicas e ao desenvolvimento de bactérias de putrefação, o que leva ao aumento estatístico de doenças intestinais, como diverticulite, pólipos, ulcerações e tumores, e aí também se inclui a SII.
Que alimentos podem ajudar a melhorar/piorar esta síndrome?
O mais importante na SII é procurar perceber quais alimentos sensibilizam o intestino. Dentre os principais vilões, temos o leite e derivados, grãos ricos em glúten (trigo, cevada, centeio), excesso de cafeína (café, chá preto, chimarrão, refrigerantes), chocolate, frutas cítricas, alimentos gordurosos, frituras, bebidas alcoólicas – eles devem ser eliminados temporariamente do cardápio, e depois podem ser introduzidos um a um, em intervalos semanais, para assim perceber o que causa o problema.
Os alimentos prebióticos são aqueles ricos em fibras alimentares que nosso corpo não digere. Estas fibras solúveis chegam ao cólon, sofrem um processo de fermentação e vão servir de alimento para as bactérias amigas que vivem no nosso intestino (a flora intestinal), estimulando o seu crescimento e desenvolvimento. Essas bactérias amigas reduzem a atividade de outras bactérias, as nocivas, que formam as toxinas. Também agem contra fungos e parasitas. Quanto maior a quantidade de bactérias benéficas, menor será o número e a atividade das bactérias nocivas.
Os prebióticos são basicamente um tipo de carboidrato, o frutooligossacarídeo (FOS) e a inulina. Os FOS são obtidos a partir da quebra da inulina. Estes prebióticos estão presentes em alimentos de origem vegetal, como cebola, alho, tomate, banana, aveia, mel, chicória, alho-porro, arroz integral, aspargos e alcachofra. Outros prebióticos são a linhaça e a semente de chia, ricas em fibra solúvel.
Existem muitos tipos de bactérias do bem no nosso intestino, porém as bactérias probióticas mais conhecidas são as Bifidobacterium e Lactobacillus, que produzem compostos como as citoquinas e o ácido butírico, com ação antimicrobiana e antibacteriana, ou seja, agem na redução de bactérias e micro-organismos indesejáveis, protegendo o nosso corpo e melhorando a nossa imunidade, o que é muito importante para o portador de SII.
Hidratação é essencial.
Além de tomar bastante água, os chás de ervas com ação calmante da função intestinal, como os de camomila, melissa, valeriana, alecrim, espinheira-santa, podem ser usados, puros ou combinando duas ou mais ervas.
Glúten, preste atenção nele
O glúten é uma proteína presente no trigo, cevada, centeio e malte. A aveia não contem glúten, mas ela fica contaminada durante o processamento. Esta proteína é que deixa o pão fofinho, ela dá liga e é utilizada no preparo de diversos produtos como iogurtes, chocolates e achocolatados, kani kama, amaciante de carne, temperos, etc. Ela também está presente em algumas bebidas, como a cerveja, vodca e uísque.
O glúten não é um nutriente essencial para a saúde e a sua retirada da dieta não causa nenhum tipo de prejuízo nutricional. O glúten é uma proteína de difícil digestão para todas as pessoas. Alguns autores citam que provavelmente todos nós podemos ter algum grau de sensibilidade ao glúten. Comeu pão e inchou a barriga? Está aí um sintoma de sensibilidade a esta proteína. A nossa dieta é baseada no trigo – pães, cereais, biscoitos, pastelaria, massas – e está contribuindo para fazer milhões de pessoas doentes e gordas.
Segundo um estudo realizado na Nova Zelândia e publicado em 2009 na revista científica Medical Hypotheses, o glúten pode causar sintomas intestinais (como diarreia, constipação, gases, distensão e dor abdominal – parece familiar? todos os sintomas da SII) na doença celíaca, e também outros sintomas totalmente diversos por sua ação no sistema nervoso: depressão, ansiedade, insônia, enxaquecas, dificuldade de aprendizado, transtorno de déficit de atenção.
A sensibilidade ao glúten é uma doença que cria inflamação no corpo, com possíveis consequencias em todos os órgãos, incluindo o cérebro, coração, tireoide, articulações, trato digestivo, pele e outros, e aí pode se incluir a SII.
Se você sofre de uma condição crônica que não responde a medicamentos, o único tratamento eficaz é eliminar o glúten da dieta. À primeira vista parece muito difícil, mas na verdade é mais fácil do que parece, é só uma questão de se habituar à ideia e se programar. A maior parte dos alimentos não contem glúten.
A única forma de lidar com a sensibilidade ao glúten é eliminar o glúten da dieta.
Há muitos especialistas dizendo que cortar o trigo da sua dieta é “desaconselhável”, porque você vai se privar de nutrientes importantes. Discordo frontalmente, sua dieta vai melhorar e muito. Tem pessoas que consomem glúten em todas as refeições do dia. Em vez de basear a sua alimentação no trigo, onipresente nos pães, biscoitos, massas, pizzas, você vai usar uma gama imensa de outros cereais e assim a qualidade nutricional da sua dieta vai melhorar.
Sim, a sua qualidade de vida também. Após um mês você já percebe claramente as vantagens de eliminar o glúten da sua vida. Sua barriga não incha mais, sua energia aumenta, o intestino funciona muito bem, a pele melhora, aquela rinite incomoda desaparece, e você emagrece… O glúten não precisa fazer parte da nossa dieta, então o tratamento é em longo prazo – quem se acostuma a viver sem glúten não vai querer comer ele de novo.
Exercícios podem ajudar?
Técnicas de relaxamento, ioga, pilates, alongamento, caminhada, respiração correta, modificação do estilo de vida e redução do estresse são importantes para domar a SII. Manter uma rotina saudável certamente ajuda. Dormir bem é fundamental.


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